A Geração Z é a mais engajada com causas ambientais, mas será que o seu consumo de moda reflete esses ideais? Entenda!
Muito se fala sobre a Geração Z e o seu impacto no mercado mundial, e nisso podemos incluir a indústria da moda. Os nascidos no início do século XXI são protagonistas de uma dualidade: o crescimento do mercado de segunda mão e, também, de um conceito chamado ultra fast-fashion.
Geração Z e as causas ambientais
Sabe-se que a Geração Z é a primeira que cresceu em um mundo totalmente conectado. Mas mais do que isso: essa geração não conhece um tempo em que não se diz que o mundo está em risco, e que as mudanças climáticas são fatos indiscutíveis.
É por isso que essa geração é tão engajada com as causas ambientais, e 61% desses jovens afirmam ter alterado seus hábitos de consumo para reduzir seus impactos.
Mas até que ponto a Geração Z consegue colocar essas ideologias em prática? Apesar dos ideais de sustentabilidade, cada vez maiores, vemos um aumento exponencial de tendências que caminham para o lado contrário.
Certamente, isso pode ser explicado pelo desejo de se vestir bem, mas só ter dinheiro para comprar de marcas de fast-fashion. Abrir mão desse tipo de consumo pode ser difícil para jovens que estão se descobrindo e aprendendo a gerenciar suas finanças.
A ascensão do ultra fast-fashion
O conceito de ultra fast-fashion vem se popularizando nos últimos anos. Para resumir, esse tipo de varejo usa todos os recursos possíveis para viciar o consumidor na moda “ultra rápida”.
Enquanto uma marca de fast-fashion leva de 15 a 30 dias para colocar uma nova peça nas lojas, as de ultra fast-fashion levam menos de uma semana para idealizar, criar e colocar à venda novos produtos.
Essas marcas cresceram muito durante a pandemia graças às ferramentas online, como o uso de cookies, que permitem que elas mapeiem o comportamento dos consumidores. Elas investem muito em publicidade e bombardeiam o usuário com anúncios de produtos que elas já sabem que ele deseja.
Na mesma linha, usuários e influenciadores nas redes sociais criam a ilusão de normalidade ao postar vídeos de unboxing (abrindo caixas) ou comprinhas todas as semanas. Muitos desses vídeos são inclusive patrocinados pelas marcas, mas são tão naturais que nem parecem propagandas.
Em suma, o ciclo de comprar, vestir e jogar fora está cada vez mais difícil de escapar.
As consequências
Toda essa produção, consumo e descarte ultra rápidos, trazem graves consequências para a sociedade e para o meio ambiente.
Somente no primeiro semestre de 2022, a marca chinesa Shein adicionou em seu site cerca de 315 mil novas peças. Além disso, a empresa aplica o modelo “testa e repete”, em que apenas 6% de seus produtos permanecem em estoque após 90 dias online.
Como resultado, trabalhadores de fábricas pelo mundo que fornecem produtos para este mercado, chegam a trabalhar 75h semanais e, muitas vezes, em condições análogas à escravidão.
Enquanto isso, o descarte de peças só aumenta. Não somente pelos consumidores, por questões de qualidade ou de desejo pelo novo, mas também pelas próprias marcas.
Acredita-se que em casos de trocas e devoluções, por exemplo, a tendência seja descartar a peça. Isso porque a logística para inspecionar e colocar a peça de volta em estoque é, muitas vezes, mais cara do que a própria roupa.
O contraponto
Em contraponto a esta tendência de consumo, vemos um grande crescimento do mercado de segunda mão. No primeiro semestre de 2021, apenas, a demanda por brechós cresceu, em média, 30%.
A pandemia ajudou a impulsionar os brechós online, inclusive entre a Geração Z, que está presente tanto como consumidora, quanto como empreendedora neste mercado.
O meio digital é muito favorável, já que permite que as peças sejam apresentadas de forma melhor, além de tirar o estigma de que são apenas itens velhos e sem valor.
No Brasil, a sustentabilidade acaba sendo uma questão secundária para quem busca este tipo de mercado. O brasileiro procura brechós, principalmente, pelo custo-benefício, outro motivo desse mercado ser tão atrativo para a Geração Z.
Podemos concluir que, apesar de seus ideais de sustentabilidade e da tentativa de colocá-los em prática comprando de brechós, a geração Z luta contra o fantasma do consumismo e tem grande responsabilidade no crescimento da ultra fast-fashion.
A sustentabilidade na moda está muito relacionada à diminuição da produção e do consumo. Nesse sentido, a plataforma Trokaí, voltada para troca, compra e venda de roupas usadas, é uma excelente alternativa para colocar em prática os ideais sustentáveis da Geração Z.